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quinta-feira, 1 de maio de 2008

Língua Hebraica (Isaías Lobão)

Isaías Lobão (03/01/2007)

(...) Em sua maior parte, o Antigo Testamento, foi escrito em hebraico, porém, existem alguns poucos trechos em aramaico (Gênesis 31:47, Esdras 4:8 a 6:18, Jeremias 10:11; 7:12-26 e Daniel 2:4 a 7:28). O hebraico e o aramaico pertencem a uma família de línguas, que desde o fim do século XVII, convencionou-se designar de semita. Um nome que é derivado da passagem de Gênesis 10.22, onde foram registrados os nomes dos descendentes de Sem, filho de Noé.

Estes dois idiomas, junto com o moabita e o fenício, formam um grupo conhecido como semítico ocidental, o assírio e o babilônico formam o grupo conhecido como semítico oriental, enquanto que o árabe o etíope foram o grupo meridional. Todas estas línguas descendem de um grupo lingüístico conhecido como “protosemítico”. Porém, esta língua “proto-semítica”, só pode ser reconstruída em forma hipotética porque não existem registros escritos.

O que existe são termos cognatos nas diversas línguas semíticas que denotam a origem comum. O hebraico e o aramaico, assim como a maioria das línguas semíticas, são escritos da direita para a esquerda. A escrita hebraica é formada por 22 consoantes. Um detalhe, não existe letras maiúsculas em hebraico.

Uma das características dos idiomas semíticos é a raiz tri-consonantal que age como uma espécie de arcabouço para uma série de padrões vocálicos. A inserção do padrão vocálico no arcabouço lhe dá seus diversos sentidos. Na palavra (kõhen), por exemplo, k – h - n seria o arcabouço consonantal, enquanto que o - e seria o padrão vocálico. A força do o – e é mais ou menos equivalente ao particípio presente em português. O hebraico desde bem cedo começou a eliminar as terminações dos casos, ainda que restem algumas poucas[1].

As vogais e os sinais vocálicos não fazem parte do alfabeto. O hebraico antigo era escrito sem vogais. A pronúncia correta das palavras era baseada na tradição oral. Bem cedo, durante o desenvolvimento da língua, certas consoantes começaram a funcionar como vogais. Assim, aleph e o het foram usados para indicar o “a”, enquanto que o yod foi usado para indicar as vogais “e” e “i” e o waw foi usado para indicar o “o” e o “u”.

Os antigos gramáticos hebreus usaram o termo matres lectiones para designar essas letras[2]. As duas consoantes mais usadas são os indicadores vocálicos yod e waw. Isto só se modificou no Texto Massorético.

Os massoretas introduziram os sinais de vocalização, acentuação e notas marginais trazendo explicações e comentários textuais. A raiz das palavras é modificada por prefixos, sufixos e infixos. Daí vem o verbo, substantivo, adjetivo, infinitivo e particípio. A ordem normal das palavras na oração é verbo, em seguida o substantivo e o objeto direto ou indireto.

O hebraico é uma língua essencialmente fenomenológica. Ela concentra-se mais na observação do que na reflexão. A vivacidade, a concisão e a simplicidade são suas características principais. A língua hebraica é deficiente em adjetivos.

Veja estes exemplos: O salmo 12:2, que é traduzido em algumas versões como “coração fingido” diz literalmente “um coração e um coração”. Em Dt 25:13; diz “diversos pesos”, mas é literalmente “uma pedra e uma pedra”.O superlativo é expresso por diversas construções diferentes. Por exemplo, a idéia de profundíssimo, literalmente, é “profundo, profundo”. Santíssimo é, “santo, santo, santo” como em Is 6:3. Compare com “reis dos reis”.[2]

Usam-se muitas orações simples, sem verbos, que consistem de um substantivo, que exerce a função de sujeito, e um adjetivo que exerce a função de predicativo. Estas orações sem verbos são conhecidas como orações nominais. No momento de traduzir a frase, o verbo deve ser subentendido. Por exemplo; 1 Rs 2:38, “a palavra (é) boa”. O hebraico é pobre em substantivos, faltam também advérbios e quase não existem palavras compostas. É amplo o uso de expressões antropomórficas. Termos concretos que representam conceitos abstratos. Por exemplo; a palavra hebraica que significa “corda, cordão” é usado como um símbolo de cativeiro ou sujeição (1 Rs 20:31) é também usado figurativamente com respeito às armadilhas para os ímpios (Jó 18:10).

A influência do hebraico na formação da língua portuguesa é notável. Entre as muitas palavras portuguesas emprestadas do hebraico pode-se enumerar: sábado, saco, aleluia, jubileu, siclo. O uso do coração como centro das emoções e da vontade humana é um empréstimo da linguagem do antigo testamento. As metáforas “face da terra”, “menina dos olhos”, entre outras, provém do hebraico bíblico.

[1] O Novo Dicionário da Bíblia, Edições Vida Nova, pp 933.
[2] COMFORT, Philip Wesley.(editor) A origem da Bíblia. CPAD, pp. 294-295.
[3] KELLEY, Page H. Hebraico bíblico: uma gramática introdutória. Sinodal, pp. 72.

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