AS ORIGENS DA LÍNGUA HEBRAICA
Uri Lam -
O Hebraico está entre as mais antigas línguas do mundo e é falada há pelo menos 4.000 anos. O idioma já era falado em Israel deste o tempo dos primeiros povos semitas, ou seja, por povos e tribos muito antigas, que se consideravam descendentes de Shém Bên Nôach (Sêm, filho de Noé) muito tempo antes da colonização judaica da região de Canaã.
À época do 1o Grande Templo Sagrado (cerca de
A partir do hebraico falado nesta época em Israel e na Judéia foram produzidas e escritas, do ponto de vista histórico, as Escrituras Sagradas. Após a destruição do 1o Grande Templo Sagrado (Beith HaMikdásh) em
O Período Mishnáico compreende ainda o chamado Período Talmúdico, quando mesmo os grandes estudiosos da Torá deixaram de realizar seus estudos em hebraico e o aramaico passou a ser também a língua falada por eles. Para se ler a Torá, então, traduziram-se trechos inteiros para o aramaico, com a finalidade de fazer com que o povo entendesse o que nela estava escrito. A partir daí, o hebraico passou a ser conhecido como "língua sagrada", ou seja, a língua na qual foram escritos os textos sagrados. O aramaico tornou-se de vez a língua falada pelos hebreus.
Desde o ano 600 até 1700 da E.C. o hebraico proporcionou ampla produção literária (com grande influência do hebraico bíblico - literatura de caráter poético, surgindo daí poemas litúrgicos como "Adón Olám") no Norte da África, Espanha, Itália, França e Alemanha. Também se desenvolveram as Escolas de tradução, de estudos de gramática, de Filosofia (basicamente em árabe), de interpretação bíblica e de ciências. As línguas faladas pelos judeus eram agora os idiomas dos povos entre os quais viviam - tanto nas suas formas locais quanto na forma de dialetos como o Yidish, baseado essencialmente no idioma alemão, com inserções do hebraico e outras línguas e o Ladino ou Judeu-Espanhol.
Desde o final do Séc. XVIII até o Séc. XIX tivemos o movimento iluminista judaico, a Haskalá. Este movimento preparou o terreno para o renascimento do hebraico como língua popular e de comunicação oral, fato que se concretizou com a obra do escritor russo Mendele Sefarim (1835-1917), que criou as bases da literatura hebraica moderna, e com Eliézer Bên Yehuda (1858-1922), que demonstrou ser possível utilizar o hebraico como língua cotidiana.
Com o surgimento do movimento sionista no final do séc. XIX; a conseqüente imigração de milhares de judeus para Éretz Israel e sua permanência lá; e, finalmente, a independência do Estado de Israel em 1948, o hebraico voltou a ser uma língua viva, ao tornar-se o idioma nacional oficial de Israel.
Hoje em dia não há condições de sabermos exatamente como o hebraico era falado por nossos antepassados, de quantas palavras era composto o vocabulário ou como as palavras eram pronunciadas. O hebraico moderno é hoje resultado da coexistência de elementos lingüísticos de todas as fases anteriores, mesmo as mais arcaicas, e conta com aproximadamente 200.000 palavras correntes, e é estudado e falado por judeus e não judeus no mundo inteiro. Portanto, não se pode considerar nenhuma pronúncia como a mais correta. As influências advindas tanto da Alemanha quanto do Egito, da Rússia e dos Estados Unidos, da Argentina e do Brasil, da Etiópia e do Iraque, reproduzem em sons o verdadeiro mosaico em que se transformou o Povo de Israel nos tempos atuais.
Referências Bibliográficas:
- ÉVEN SHUSHÁN, Avrahám. Dicionário Hebraico-Hebraico. Ed. Kiriát Séfer: Jerusalém, Israel, 1959.
- BEREZIN, Rivka. Dicionário Hebraico-Português. EDUSP: São Paulo, 1995.
Nenhum comentário:
Postar um comentário