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sábado, 12 de janeiro de 2008

História da Língua Hebraica (6)

Continuação da proposta do tópico anterior. Abordagem sobre os estudos da língua hebraica – “hebraico bíblico”.


Hebraico Bíblico (BEREZIN)[1]
Período Bíblico
(de 1200 até aproximadamente 130 a.E.C.)

Histórico: O hebraico pertence ao ramo das línguas semíticas. Quando os Patriarcas hebreus chegaram a Canaã (por volta do século XII a.E.C.), encontraram uma terra onde predominava o idioma canaanita, que se aproximava da língua falada pelos fenícios.
As Cartas de Tel-El-Amarna, datadas de época anterior à conquista da terra de Canaã pelos hebreus, constituem uma fonte muito importante para a pesquisa da pré-história da língua hebraica. Trata-se de uma correspondência de centenas de cartas, trocadas entre os faraós e os monarcas cananeus, no período que medeia entre 1450 e 1360 a.E.C.. Essas cartas, encontradas em Tel-El-Amarna, fornecem ampla informação sobre a cultura, a língua e a literatura da época. Escritas em acádio, língua internacional naquela região, fácil se tornou decifrá-las, graças à colaboração, não intencional, dos escribas da época. Estes, talvez por insegurança, ao traduzirem as palavras para o acádio, anotavam, à margem, palavras em canaanita. Tão abundantes são essas anotações, que é possível reconstituir, com base nelas, o verbo canaanita da época. Essa língua canaanita não é propriamente o hebraico, mas uma forma muita antiga e próxima dele. Contém muitas propriedades que desapareceram no decorrer do tempo e outras que comprovam ser o hebraico um desenvolvimento ou uma continuação da língua de Tel-El-Amarna. Isso suscita a questão da origem do hebraico sobre a qual divergem as teorias.

Documentação: A fonte mais antiga do hebraico clássico em nosso poder (não levando em conta alguns recentes achados arqueológicos) é a Bíblia. Do ponto de vista científico, existem divergências quanto ao início exato do período bíblico, mas, quanto ao seu término, é amplamente aceita a data aproximada do século II a.E.C.. Tanto o conteúdo como a linguagem das Escrituras são variados. Nota-se a diferença entre os relatos em prosa, os cantos e poemas e a linguagem dos profetas. Do ponto de vista cronológico, há uma grande distância entre a linguagem dos primeiros livros e dos livros finais. Até os mesmos relatos são apresentados, em linguagem diferente, no livro de Juizes e nos das Crônicas. Há, ainda, uma pequena parte escrita em aramaico (livro de Daniel e parte do livro de Esdras). A diferença entre as diversas partes da Bíblia manifesta-se no vocabulário, nas estruturas gramaticais e sintáticas. Entretanto, não há um critério objetivo para estabelecer, com precisão, a data da elaboração dos livros bíblicos.

Hebraico Bíblico

Características

Textos

Hebraico
Bíblico Arcaico

Trata-se de remanescentes antigos, datando do período da Conquista, que constituem uma amostra da linguagem épica dos primeiros colonizadores. Essa linguagem sofre influência do aramaico e do ugarítico que supõe-se que tenha predominado no norte de Canaã.

Aparece na poesia bíblica antiga como: Canção de Débora (Jz 5), Haazinu (Dt 2,43), Canção do Mar (Ex 15,1-9).

Linguagem do período do Primeiro Templo

(desde cerca de 1055 até 586 a.E.C.)

O período do Primeiro Templo termina com o exílio da Babilônia (586 a.E.C.), quando os portadores da cultura hebraica foram exilados, permanecendo na Judéia apenas as pessoas de classe mais humilde.

A prosa bíblica, como aparece, principalmente, nos relatos do Pentateuco e nos livros dos Primeiros Profetas (Josué, Juizes, Samuel e Reis).

Hebraico Bíblico
Posterior

Na época do Segundo Templo (536 a.E.C. a 70 E.C.), o povo começa a falar aramaico e hebraico sendo que, a partir de então, o aramaico vai acompanhando de perto o hebraico. Essa ligação iniciou-se no exílio babilônico. O aramaico é uma língua muito próxima do hebraico e do grupo das línguas canaanitas.
No período do Segundo Templo, o hebraico era falado somente na Judéia e nas demais regiões falava-se o aramaico e o grego.
O hebraico constituía a língua sagrada e era usada sempre para fins religiosos.

Encontrado, principalmente, nos livros do Segundo Templo, como os de Crônicas, Neemias, Eclesiastes, Ester e os de alguns profetas, como Ezequiel, Esdras e Daniel; os dois últimos, escritos em grande parte, em aramaico.
No livro de 2 Reis 18,19, a língua aramaica já é mencionada no diálogo com um alto funcionário assírio, Rabsaqué. Na Babilônia, nessa época, predominava o aramaico; portanto, os exilados não encontraram mais o acádio como língua falada.
No livro de Ezequiel, observa-se a influência aramaica tanto no vocabulário como no estilo, se bem que se trata de um aramaico ainda com traços acádios.



[1] Adaptado de: BEREZIN, Rifka. As origens do léxico do hebraico moderno. São Paulo: EDUSP, 1980. p.13-30.

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